sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Tratamento Ortodôntico de Pacientes com Distúrbios da Hemostasia e Coagulação


O que são os distúrbios da hemostasia ?

 

São deficiências sistêmicas congênitas ou adquiridas que fazem o sangue " fluir" num ferimento sem que haja formação, em tempo normal, de agregantes plaquetários necessários para a formação do coágulo sanguíneo que irá reparar a ferida e estancar o sangramento.

As alterações congênitas, ou seja, aquelas herdadas geneticamente – de pai para filho – mais comuns são:
  1. Hemofilia A (Deficiência do Fator VIII da cascata de coagulação sanguínea, conhecida como Hemofilia Clássica) que está mais ligada ao gênero masculino, sendo bastante rara, com uma incidência variando de 30 a 120 homens afetados para cada milhão (30 – 120:1.000.000);
  1. Hemofilia B (Deficiência do fator IX, também chamada de doença de Christmas) que é 6 vezes menos comum que a Hemofilia A, porém que exige os mesmos cuidados. Ambas Hemofilia A e B podem causar sangramento nas articulações;
  1. Hemofilia C (Deficiência do fator XI, também conhecida como Síndrome de Rosenthal). É um tipo de hemofilia mais leve, mas que pode se assemelhar com a hemofilia clássica. Afeta tanto homens quanto mulheres e é mais comumente encontrado em descendentes da linhagem judaica Asquenazi. Causa sangramentos tardios pós-operatórios;
  1. Doença de von Willebrand, que é um distúrbio caracterizado pela lentidão anormal da coagulação do sangue, pode afetar tanto homens como mulheres em uma proporção 1:1, ou seja afeta homens e mulheres na mesma proporção, com uma incidência de 1 pessoa para cada 1.000.

Além dessas, existem as alterações da coagulação sanguínea que são adquiridas, causadas por fatores não genéticos, como os casos de politransfusão, uso de drogas farmacológicas (como a heparina e os cumarínicos), doenças hepáticas e a síndrome da coagulação intravascular disseminada.

De todas essas condições citadas, a Hemofilia tipo A é a mais comum, chegando a ocorrer em 85% de todos os casos congênitos.

Como ocorre a transmissão da hemofilia, como se faz o diagnóstico, quais são os sintomas e como é o tratamento?

 

O gene da hemofilia é transmitido pelos cromossomos XX. Geralmente as mulheres podem ser portadoras do defeito, mas não ocorrem manifestações clínicas, ou seja, a doença não se manifesta, porém podem transmitir para os seus descendentes do gênero masculino que tenha recebido o cromossomo X materno, formando o cromossomo XY do gênero masculino (sendo que o X é o portador do defeito da coagulação).





O diagnóstico da hemofilia é feito por um exame de sangue que mede a dosagem do nível do fator de coagulação envolvido.

Nos quadros leves, o sangramento ocorre em situações como cirurgias e traumatismos.
O tratamento de hemofílicos basicamente consiste na reposição do fator anti-hemofílico.


O Tratamento Ortodôntico e a Hemofilia


Segundo o Ministério da Saúde, no artigo intitulado “Manual de Atendimento Odontológico a Pacientes com Coagulopatias Hereditárias” da Coordenação da Política Nacional de Sangue e Hemoderivados do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção à Saúde, “não há contraindicações para o tratamento ortodôntico em pacientes portadores de coagulopatias”.

O ortodontista deve-se atentar durante a colocação dos braquetes e bandas subgengivais, para que não haja traumatismo nas mucosas e recomendar o uso de cera ortodôntica específica para proteção de traumatismos em mucosas sempre que houver necessidade.

Os tratamentos ortodônticos corretivos podem necessitar de exodontias dos terceiros molares coadjuvantes. Deve-se lembrar que esse é um procedimento de alto risco de sangramento, com indicação de reposição de concentrados de fatores de coagulação previamente.

Portanto, essa recomendação deve ser cuidadosamente avaliada juntamente com o hematologista responsável e, sempre que necessário, o ortodontista deve trocar informações com o hematologista para o melhor atendimento ao paciente hemofílico.

 


Escrito por:

Adriano Lima Garcia

Aluno de Odontologia da Universidade Tiradentes (UNIT)
 
Aperfeiçoamento em Cirurgia Oral pela ABO-SE

Estagiário do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital de Urgências de Sergipe

Aluno do Curso de Atualização em CTBMF do Capítulo IV do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial


&


Priscila Hawana Alves da Silva

Aluna de Odontologia do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

Aluna do Curso de Atualização em CTBMF do Capítulo IV do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial    

Socorrista do PAPS do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)



Esse tópico foi publicado em 16/05/2012 no site: http://www.orthomaia.com.br/

Para mais dúvidas sobre tratamento ortodôntico e ortopédico facial consulte o site: http://www.orthomaia.com.br/

Caso tenha dúvidas sobre sua saúde bucal e qual tratamento mais adequado, consulte o seu  
Cirurgião Dentista.





terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O que é Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial?


Segundo o Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, "É uma Especialidade da Odontologia que tem como objetivo o diagnóstico e o tratamento das doenças, traumatismos, lesões e anomalias, congênitas e adquiridas, do aparelho mastigatório e anexos, e estruturas crânio-faciais associadas".

A área de atuação compreende a região entre o osso hióide e o supercílio de baixo para cima, e do tragus à pirâmide nasal, de trás para diante.

O Cirurgião Buco-Maxilo-Facial é o profissional graduado em Odontologia que obtém título de Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial ao término da especialização ou da residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial.

Para participar do programa de residência em CTBMF o indivíduo tem que ser graduado em Odontologia e registrado no Conselho Regional de Odontologia. Cada programa de residência tem as suas particularidades e um edital específico. Para ser residente é preciso prestar um concurso público onde é feita uma prova escrita (geralmente objetiva, mas pode ser mista, ou seja objetiva e subjetiva) e avaliação curricular. Alguns locais exigem uma prova oral, cartas de recomendação, provas de proeficiência em língua estrangeira, etc. A concorrência é acirrada e existem, normalmente, poucas vagas. Em alguns locais, o MEC oferece uma bolsa estudantil mensal (atualmente está em R$ 2.382,86) para o residente arcar com as despesas.

O residente tem direitos e deveres em cada ano de residência. Atualmente, são três anos de dedicação exclusiva (40 ou 60 horas semanais) de intenso treinamento para se formar Cirurgião.

As especializações, ao contrário das residências, são pagas e algumas têm um regime estudantil não tão intenso quanto o da residência.

O Cirurgião BMF realiza cirurgias em âmbito ambulatorial ou hospitalar, sendo que nos consutórios ou ambulatórios são realizadas cirurgias de porte menor ou menor complexidade, geralmente sob anestesia local e/ou sedação consciente (também há a modalidade de Hipnose, mas para isso precisa de habilitação na área para poder executar). Nos centros cirúrgicos hospitalares são realizadas cirurgias de média e alta complexidade que exigem anestesia geral.

São consideradas cirurgias de porte menor as cirurgias dento-alveolares, as biópsias, a inserção de implantes osseointegrados, entre outras, sendo que dependendo da saúde do paciente, estas mesmas cirurgias têm indicação para serem realizadas em centros cirúrgicos hospitalares, sempre visando o melhor conforto do paciente e assegurando-lhe a vida.

O que o Cirurgião Buco-Maxilo-Facial pode fazer:

- Cirurgias Dento-Alveolares (Exodontias ou Extrações Dentárias, na linguagem popular): consiste na remoção do órgão dental da cavidade oral;

- Biópsias Incisionais e Excisionais: remoção de um tecido supostamente patológico e envio do espécime retirado para o exame histopatológico com o Cirurgião Dentista especialista em Patologia Oral e Maxilofacial ou para um Médico Patologista, para confirmação ou não da hipótese diagnóstica;

- Inserção de Implantes Osseointegrados: cirurgia para inserção de implantes de titânio que vão substituir o órgão dental removido para a reabilitação mastigatória e a devolução da estética;

- Excisão Cirúrgica de Cistos e Tumores Benignos Odontogênicos e dos Maxilares: cirurgias para remoção dessas patologias benignas compreendidas na cavidade oral e ossos maxilar e mandibular;

- Cirurgia para remoção de Patologias de Glândulas Salivares menores: remoção cirúrgica das patologias de glândulas salivares que acometem a região da cavidade oral;

- Cirurgia para correção das Disfunções da Articulação Temporomandibular: a Articulação Temporomandibular é tratada cirurgicamente para corrigir patologias que a acometem, quando há indicação;

- Cirurgia Ortognática: modalidade onde o ortodontista prepara ortodonticamente o paciente, levando os dentes à base óssea, fazendo o alinhamento e nivelamento dos dentes para que o cirurgião possa intervir cirurgicamente colocando os ossos maxilar e/ou mandibular em harmonia, fazendo com que o paciente mastigue e fale corretamente além de ter uma estética facial mais agradável;

- Mentoplastia: realizada às vezes em conjunto com a cirurgia ortognática, a mentoplastia movimenta o osso do "queixo", o mento, para colocá-lo na posição desejada, diminuindo ou aumentando o tamanho;

- Fechamento Cirúrgico das Fendas Orofaciais: correção dos defeitos congênitos caracterizados como fendas palatina e/ou labial, juntamente com a cirurgia plástica, a fonoaudiologia, a otorrinolaringologia, a psicologia e a fisioterapia;

- Distração Osteogênica: realizada em conjunto em alguns casos na ortodontia para expandir a maxila e/ou a mandíbula, aumentando o tamanho do osso e estimulando a osteogênese;

- Cirurgia Pré- Protética: o cirurgião prepara os ossos maxilar e mandibular para receber uma prótese dentária;

- Cirurgia do Trauma de Face: realizada em hospitais de urgência e emergência, o cirurgião BMF realiza a redução das fraturas dos ossos faciais e dentes levando-os ao seu lugar adequado, e  restabelecendo a função e a estética facial ao reposicionar ossos e tecidos moles;

- Escultura Óssea Facial: modalidade que age em conjunto com a cirurgia plástica para "esculpir" os ossos da face, deixando o rosto mais feminino ou mais masculino, dependendo da vontade do paciente;

- Transplante de Face: procedimento cirúrgico no qual algumas estruturas da face de uma pessoa são transplantadas para uma outra. É um procedimento relativamente novo, com poucos casos realizados. Nesses casos o Cirurgião Plástico exerce um papel fundamental nessa cirurgia, assim como o Cirurgião Buco-Maxilo-Facial, o Cirurgião Vascular, etc;

- Tratamento do Ronco e Apnéia Obstrutiva do Sono: o tratamento faz parte da área da medicina do sono. O cirurgião pode intervir cirurgicamente avançando ou recuando a maxila e/ou a mandíbula. O tratamento é em conjunto com o Otorrinolaringologista e o Fonoaudiólogo.

- Tratamento das Infecções Maxilofaciais: infecções do complexo oral e maxilofacial podem levar o indivíduo à morte. O tratamento consiste, basicamente de drenar os pontos de infecção, removendo o material purulento e medicando o paciente. Muitas vezes o paciente necessita de internação hospitalar

Além disso, como já foi dito acima, o Cirurgia BMF exerce um papel fundamental no diagnóstico das lesões e anomalias do complexo bucomaxilofacial. Sendo assim, é de extrema importância sua participação no diagnóstico precoce das neoplasias malignas da região orofacial. O tratamento nesses casos fica nas mãos do Oncologista e do Cirurgião de Cabeça e Pescoço, segundo a atual legislação do Conselho Federal de Medicina.

O que o Cirurgião BMF não pode fazer no Brasil:

- Cirurgias para remoção de neoplasias malignas: apesar de ter sido muito realizada anteriormente pelos Cirurgiões Buco-Maxilo-Faciais, o CFM vetou sua realização pelos mesmos, entregando o cargo para os Cirurgiões Cérvico-Faciais (da Cabeça e Pescoço). Realizada nos EUA e em outros lugares do mundo pelos Cirurgiões Buco-Maxilo-Facias.

- Cirurgias das Patologias das Glândulas Salivares Maiores (Parótidas, Submandibulares e Sublinguais): também vetada recentemente pelo CFM e passada para os Cirurgiões Cérvico-Faciais. Realizada nos EUA e em outros lugares do mundo pelos Cirurgiões Buco-Maxilo-Facias.

- Cirurgias das Anomalias do Crânio (como as craniossinostoses): modalidade vetada para os Cirurgiões BMF, sendo realizadas por Cirurgiões Plásticos Crânio-Maxilo-Faciais. Realizada nos EUA e em outros lugares do mundo pelos Cirurgiões Buco-Maxilo-Facias.

- Cirurgia com finalidade exclusiva de estética da face e estruturas anexas: blefaroplastias, otoplastias, lifting facial, botox, rinoplastia e septoplastia são alguns dos procedimentos estéticos realizados exclusivas dos cirurgiões plásticos. Realizada nos EUA e em outros lugares do mundo pelos Cirurgiões Buco-Maxilo-Facias.

- Peeling facial: procedimento realizado por Dermatologistas, segundo o CFM. Realizada nos EUA e em outros lugares do mundo pelos Cirurgiões Buco-Maxilo-Facias.

Obs: o globo ocular é de competência do oftalmologista. 



 
Escrito por: 

Adriano Lima Garcia
 
Acadêmico do curso de Odontologia da Universidade Tiradentes

Aperfeiçoamento em Cirurgia Oral pela ABO-SE

Estagiário do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital de Urgências de Sergipe

Aluno do Curso de Atualização em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Capítulo IV do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial.