terça-feira, 9 de abril de 2013

Abordagem das Fraturas dos Ossos Nasais

Queridos leitores, 

É com muito carinho que voltamos a escrever no nosso tão amado blog.

Esperamos que tenham sentido nossa falta e que estejam alegres por nossa volta. Sei que foram somente algumas semanas, mas esse blog realmente já faz parte do nosso cotidiano e ficar afastado dele nos deixa ansiosos para escrever novamente.

Sendo assim, espero que aproveitem a nossa nova matéria, que trata de um tema muito comum no cotidiano dos pronto-socorros para o Cirurgião Buco-Maxilo-Facial.

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O nariz, devido a sua projeção mais anterior à face, tem um alto índice de traumatismos, levando seus ossos a ocuparem o primeiro lugar do pódio estatístico das fraturas de ossos faciais.

Além de ser um dos responsáveis pela respiração e o olfato, também é o órgão responsável pela expressão de diversos aspectos da nossa personalidade.



O traumatismo nasal pode resultar em grandes perdas estéticas e, principalmente funcionais, como a anosmia (ausência total de olfato).

Se as fraturas nasais forem tratadas imediatamente, na maioria das vezes temos um resultado bastante satisfatório, enquanto que se seu tratamento for tardio, há uma grande possibilidade de ocorrer uma deformidade de difícil tratamento, resultando em distúrbios funcionais importantes na fisiologia respiratória.

Assim sendo, o Cirurgião Buco-Maxilo-Facial tem um papel fundamental no reestabelecimento da função nasal dos pacientes que sofreram traumatismo nasal, devolvendo-lhe, consequentemente, a estética facial, ao reposicionar adequadamente os cotos ósseos fraturados, seja por redução fechada ou aberta.

Para poder trabalhar na área nasal, é imprescindível o conhecimento profundo das estruturas anatômicas do nariz.



O exame clínico de inspeção e palpação, em conjunto com a história do trauma (agente traumático, direção e intensidade do impacto), tornam-se o principal fator para o correto diagnóstico. Para complementar, solicita-se os exames de imagem que irão ajudar no diagnóstico e no planejamento do tratamento.

Durante o exame de inspeção pode-se encontrar escoriações, abrasões, lacerações de tecidos moles, equimose periorbital geralmente bilateral, hiposfagma, desvio ou afundamento da pirâmide nasal (podendo estar mascarados por hematoma e edema), epistaxe e telecanto traumático.

À palpação, pode-se notar irregularidade e movimentação óssea, bem como crepitação e enfisema subcutâneo. A rinoscopia deve ser feita de forma sistemática a fim de complementar a palpação.

Os exames de imagem mais comumente solicitados são a radiografia de Waters direta ou reversa e a projeção lateral para ossos próprios nasais. A tomografia computadorizada é usada em casos de outras fraturas faciais associadas, portanto sem indicações para fraturas isoladas dos ossos nasais.



O tratamento consiste em redução com reposição dos fragmentos fraturados na posição anatômica e imobilização (normalmente durante sete dias) no período de consolidação.

A redução pode ser fechada por meio de manipulação com instrumentos intranasais, ou aberta, quando há necessidade de expor o foco da fratura ou que este já esteja exposto por lesão aos tecidos moles.

Para isso, uma boa técnica anestésica é preconizada. Em adultos, as fraturas nasais mais simples podem ser tratadas sob anestesia local. Entretanto, nos casos de fraturas cominutivas ou em crianças, ou até mesmo em adultos não cooperativos, está indicada a cirurgia sob anestesia geral.

Na técnica da redução sob anestesia local, pode-se utilizar a lidocaína a 1% ou 2% associada ao vasoconstrictor epinefrina 1:100.000. Realiza-se uma técnica anestésica infiltrativa dos nervos infra-orbitais,  dos nervos supra e infratrocleares e na base da columela.

Os instrumentos mais utilizados na técnica fechada são um elevador de submucosa ou uma pinça Kelly grande curva protegidos por um tubo de borracha nas extremidades para evitar danos à mucosa. No entanto, existem pinças especiais para estes fins, tais quais a pinça de Asch e a de Walsham.



Existem vários tipos de imobilização nasal. Alguns usam gesso embebido numa gaze que é colocada sob o nariz ou placas maleáveis de alumínio. Outros preferem o tamponamento nasal anterior com gaze vaselinada. Outros ainda preferem associar essas duas técnicas. De qualquer forma, o tamponamento deve ser retirado em 24 horas, nos casos mais simples, podendo ficar de dois a três dias nos casos mais complicados e com fratura de septo.

A redução aberta, feita sob anestesia geral, é realizada com uma exorrinoincisão da columela e das rimas narinárias que irá promover um deglove nasal, permitindo acesso adequado para todo o esqueleto nasal e toda a porção cartilaginosa. Pode-se ainda usar um acesso por uma laceração do tecido mole perinasal ou os acessos coronais, quando há necessidade de acesso direto aos fragmentos. Opta-se a fixação interna rígida num sistema de placas e parafusos de 1,3 mm.

O tamponamento nasal posterior é utilizado nos casos de epistaxes intensas, incontroláveis casos se empregue somente o tamponamento nasal anterior. Para a realização do tamponamento nasal posterior utiliza-se um tampão feito com gaze ou até mesmo com uma sonda vesical, onde se bloqueará o sangramento tamponando a região das coanas nasais.
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Espero que tenham gostado da matéria. 

Para redigi-la, utilizei como fonte de consulta dois livros. São eles:

Odontologia Hospitalar, do Waldyr Antônio Jorge da USP



E o...

Tratado de Cirurgia Bucomaxilofacial, do Ronaldo de Freitas da Santa Casa de São Paulo.



Um grande abraço a todos e fiquem com Deus!

Escrito por:
Adriano Lima Garcia

  Estudante de Odontologia da Universidade Tiradentes (UNIT)
 
 Aperfeiçoamento em Cirurgia Oral pela ABO-SE

Estagiário do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital de Urgências de Sergipe

  Estudante do Curso de Atualização em CTBMF do Capítulo IV do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial 





Priscila Hawana Alves da Silva

  Estudante de Odontologia do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

  Estudante do Curso de Atualização em CTBMF do Capítulo IV do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial    

Socorrista do PAPS do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)


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