quarta-feira, 24 de julho de 2013

Osteonecrose dos Maxilares por uso de Bifosfonatos

Saudações, queridos leitores!

É com prazer que eu retorno às atividades do nosso blog, após um curto período sem publicações.

Hoje trago para vocês algo muito comum atualmente. Escrevi agora de manhã baseado nas informações da American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons (AAOMS).

Trata-se do assunto ''Osteonecrose dos Maxilares por uso de Bifosfonatos''.

Divirtam-se!

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A expectativa de vida é definida como “o número médio dos anos que um grupo de indivíduos nascidos no mesmo ano pode esperar viver, se mantidas, desde o seu nascimento, as taxas de mortalidade observadas no ano de observação”, além de ser um indicador de qualidade de vida.

O Japão é o país que, atualmente, apresenta a maior expectativa de vida no mundo (82,73 anos). O Brasil apresenta uma média de 75,04 anos e está em 88º colocado no ranking mundial.

Com o aumento da expectativa de vida numa determinada localidade, ocorre obviamente um aumento na quantidade de idosos. Esse dado é importante para alertar os profissionais de saúde para os devidos cuidados com o paciente geriátrico. A pirâmide etária no Brasil está passando por um período de transição para uma pirâmide invertida, ou seja, em breve haverá maior número de idosos do que adultos ou jovens.

Os pacientes geriátricos apresentam uma série de peculiaridades como mudanças nas funções orgânicas próprias da idade além de uma maior frequência e presença de condições patológicas sistêmicas e locais.

É fundamental conhecer detalhadamente a fisiologia humana no paciente idoso para que possamos trata-lo adequadamente. Além disso, esses pacientes podem fazer uso de vários medicamentos devido a sua condição física/ psicológica possivelmente debilitada e alguns processos patológicos concomitantes, o que dificulta a decisão da melhor conduta terapêutica.

Para obtermos sucesso no tratamento aos pacientes geriátricos é indispensável realizar uma anamnese detalhada para se estabelecer o correto diagnóstico e conduta, sem correr riscos de intercorrências que, nesses pacientes, pode resultar em consequências catastróficas. 

Lembre-se: a anamnese é a base para o correto diagnóstico. Se a anamnese falhar o diagnóstico estará, muito provavelmente, errado e o tratamento não será o certo, podendo causar outros problemas mais graves.

Alguns artigos científicos relatam uma série de complicações, incluindo óbito, no atendimento a pacientes idosos em odontologia. Portanto, o Cirurgião Dentista deve conhecer profundamente a fisiopatologia do envelhecimento e a terapêutica medicamentosa nos pacientes idosos para evitar interações medicamentosas, que podem ser fatais.

Esta matéria tem o objetivo de esclarecer os leitores sobre o que são fármacos Bifosfonatos e relatar a repercussão destes fármacos no organismo.

O que são Bifosfonatos?


Os Bifosfonatos são uma classe de medicamentos que previnem a perda de massa óssea.


Alguns autores relatam que determinados Bifosfonatos de alta potência usados por via endovenosa têm o potencial de modificar a progressão de doenças malignas, especialmente câncer de mama e próstata. Quando usados por via oral, os bifosfonatos são usados para tratamento de osteoporose, Doença de Paget e outras condições associadas à fragilidade óssea.

Exemplo de Bifosfonato: Alendronato Sódico. 


Os bifosfonatos agem regulando a atividade osteoclástica, que são células ósseas responsáveis pela reabsorção e remodelação óssea, prevenindo, desta forma, a “perda óssea”. São usados com muita frequência em pacientes do gênero feminino com idade avançada.


A FDA (Food and Drug Administration) aprovou recentemente uma nova classe de drogas chamada de Anticorpos Monoclonais (Denosumab®) para o tratamento de osteoporose em mulheres pós-menopausa com alto risco de fraturas ósseas e para reduzer a fragilidade óssea ou sua perda em pacientes com câncer. No entanto esta droga tem um potencial parecido para desenvolver osteonecrose, como os bifosfonatos.

Quais são seus efeitos nos ossos maxilares?


Os bifosfonatos podem causar necrose óssea nos ossos maxilares. Sua causa ainda é desconhecida.

O Osso Normal e com Osteoporose. 
Fonte: http://clinicaviaoral.com.br/userfiles/image/bisfosfanato.jpg

Os sintomas incluem: exposição óssea, dor localizada, inflamação dos tecidos periodontais e 
mobilidade ou perda precoce de dentes.

Osteonecrose na mandíbula. 


A osteonecrose dos maxilares associada ao uso de bifosfonatos, no entanto, é frequentemente identificada quando há exposição óssea na cavidade oral.

Osteonecrose na maxila. 

A melhor forma de prevenir esse problema é evita-lo.

Quais são os fatores de risco para o desenvolvimento da osteonecrose dos maxilares associada ao uso de bifosfonatos?


1 – Pacientes que fazem uso de bifosfonatos: é a razão mais comum para o desenvolvimento da doença, mas os fatores determinantes são a dose e a duração da terapia. Os bifosfonatos usados por via endovenosa são muito mais potentes do que os usados via oral, isso significa que o primeiro aumenta consideravelmente o risco de osteonecrose dos ossos maxilares por bifosfonatos.

2 – Duração do tratamento com bifosfonatos: parece haver uma estreita relação entre a duração do tratamento e o risco de desenvolvimento de osteonecrose dos maxilares.

3 – Procedimentos Odontológicos: cirurgias dento-alveolares e periodontais, além de instalação de implantes dentários osseointegrados são procedimentos de risco para desenvolver osteonecrose dos maxilares em pacientes que fazem uso de bifosfonatos.

Os estágios da Osteonecrose dos Maxilares Associada ao uso de Bifosfonatos


No primeiro estágio da doença é possível observar exposição óssea sem relação com doença ou inflamação dos tecidos moles adjacentes ao osso.

No segundo estágio notam-se áreas de exposição óssea com dor acompanhada de inflamação ou infecção dos tecidos moles e duros.

No terceiro estágio, considerado o mais avançado da doença, o sinal mais significante é a fratura óssea. Além disso, tem-se uma extensa exposição óssea junto com inflamação ou infecção dos tecidos moles e duros.

O que pode ser feito para prevenir a Osteonecrose dos Maxilares por Bifosfonatos?


Realizar uma consulta prévia ao Cirurgião Dentista, antes de começar o tratamento com Bifosfonatos.



O Cirurgião Dentista em sua anamnese deve questionar o motivo do uso da medicação, a duração do tratamento, a forma de administração do fármaco e a dose. Além disso, deve alertar e motivar o paciente quanto aos cuidados com a higiene oral e o auto-exame da cavidade oral regularmente. O diagnóstico precoce permite ao profissional e ao paciente um tratamento mais efetivo, rápido e com uma melhora significativamente melhor.

Como é o tratamento nesses casos?


O tratamento pode incluir irrigação e enxágue com soluções antimicrobianas, antibióticos para controlar a infecção e, em casos mais avançados, a remoção das zonas necróticas ósseas, além de uma série de condutas que se mostram bastante eficazes na redução da sintomatologia dolorosa e da irritação tecidual, utilizando próteses ou protetores teciduais.



O Cirurgião Buco-Maxilo-Facial é o profissional da saúde com experiência e habilidades necessárias para o tratamento e prevenção da Osteonecrose dos Maxilares por Bifosfonatos.




Espero que, com essa matéria, várias dúvidas tenham sido esclarecidas.

Um grande abraço e fiquem com Deus!

Escrito por:
Adriano Lima Garcia

  Estudante de Odontologia da Universidade Tiradentes (UNIT)
 
 Aperfeiçoamento em Cirurgia Oral pela ABO-SE

Estagiário do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital de Urgências de Sergipe

  Estudante do Curso de Atualização em CTBMF do Capítulo IV do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial